DE VENEZA

“Transforma-se o amador na cousa amada,
Por virtude de muito imaginar;” (Luís de Camões, sonetos)

Escrevo-te de Veneza

Na mesa
A caneta descansa
Sobre a folha branca
Do leito
Onde te deito

Minha mão
Sobre o teu peito
Feito
De saudade e solidão

Escrevo-te de Veneza
Amor

Na boca o calor
Da tua boca presa
E o sabor
Constante
Daquele voraz instante

Escrevo-te de Veneza
Amor

Com a certeza
Experimentada
Que no solar do sonhador
Pernoita a mulher amada

Veneza, 16/4/1995